Para haver Literatura Infantil é necessário que haja Criança e
Escola. Sem Escola não há livros ao alcance de todas as classes. Para que haja
Literatura Infantil, acrescenta-se mais uma: o apelo da criança. Enfatizando
que a arte de escrever para a criança é muito complexa e difícil, pois as crianças são
muito exigentes. “A imaginação, a extratemporalidade, as metamorfoses, o
maravilhoso, a intenção recreativa por excelência e, sobretudo, a dramaticidade
são caracteres literários que mais agradam às crianças” (CARVALHO, 1982, p.
127).
A definição de “Literatura” e de
“Literatura Infantil” propriamente dita, conforme o posicionamento de alguns
autores mais conceituados nessa área.
Afirma Cecília Meireles em seu livro Problemas da Literatura
Infantil:
Sempre que uma atividade intelectual se manifesta por intermédio
da palavra, cai, desde logo, no domínio da Literatura. A Literatura, porém, não
abrange, apenas, o que se encontra escrito, se bem que essa pareça a maneira
mais fácil de reconhecê-la, talvez pela associação que se estabelece entre
‘literatura’ e ‘letras’ (MEIRELES, 1984, p. 19).
Percebemos pelas palavras de Meireles que a Literatura é uma
atividade intelectual ampla, vai além de tudo o que está escrito, pois precisa
contar com a imaginação de quem lê, e é necessária a interpretação das
palavras, e as crianças estimuladas para isso fazem muito bem.
[...] evidentemente, tudo é uma Literatura só. A dificuldade está
em delimitar o que se considera como especialmente do âmbito infantil. São as
crianças, na verdade, que o delimitam, com a sua preferência. Costuma-se
classificar como Literatura Infantil o que para elas se escreve. Seria mais
acertado, talvez, assim classificar o que elas leem com utilidade e prazer
(MEIRELES, 1984, p. 20).
A autora ainda enuncia que “um livro de Literatura Infantil é,
antes de mais nada, uma obra literária” (MEIRELES, 1984, p. 123), o que nos
remete à importância dada ao livro escrito voltado para as crianças, algo que,
como veremos adiante, a escritora Tatiana
Belinky consegue fazer com maestria.
Bárbara
Vasconcelos de Carvalho,
no livro A literatura infantil: visão histórica e crítica, assim
complementa essa definição:
Literatura é a arte de ouvir e de dizer, logo, nasce com o homem.
[...] o homem aprendeu a falar – dizer – antes de ler e escrever, como,
ontogeneticamente, acontece à criança, portadora de sua bagagem linguística,
antes de alfabetizar-se (CARVALHO, 1982, p. 47).
Nelly Novaes Coelho (2000) em
seu livro Literatura Infantil – teoria, análise e didática diz que “Literatura é uma linguagem específica
que, como toda linguagem, expressa uma determinada experiência humana, e
dificilmente poderá ser definida com exatidão” (COELHO, 2000, p. 27). A mesma
autora também assinala que, por ser um fenômeno humano, a criação literária é
tão complexa, fascinante e misteriosa tanto quanto a própria existência humana.
E sobre a especificidade da Literatura Infantil, escreve ainda Coelho (2000,
p.27) que:
A literatura infantil é, antes de
tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o
mundo, o homem, e a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática,
o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível realização.
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